Teoria da inutilidade

O texto de hoje é provavelmente o melhor e mais importante raciocínio da história da humanidade, pelo que peço o máximo de atenção para o que vão ler. Não esquecendo que esta epifânia me ocorreu a mim, (a quem mais?) leiam então:

“Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem ovelhas tínhamos de usar um guarda-ovelhas, que é basicamente, um pastor.”

pastorrain

Eu avisei que isto seria revolucionário. É certo que haverá quem diga que isto é uma grande parvoíce e que eu tenho excesso de tempo livre. É mentira. Esta teoria ocorreu-me quando estava muito ocupado a conduzir durante as férias na Escócia, e para quem conduz pela primeira vez no UK, é trabalhoso, stressante e é preciso muita concentração. E as férias cansam muito. Por isso, não venham falar mal e arranjem o que fazer.

Outro motivo para não rejeitarem já este pensamento é que nem sempre os pensamentos mais estapafúrdios à primeira vista, estão necessariamente errados. Olhem a teoria psicanalítica de Freud: parte dela diz que os bebés e crianças já têm prazer sexual e passam por várias fases, como a fase anal (entre outras). E isto soa mal quando o aprendemos na escola, mas depois de vermos e cheirarmos uma cagadela na fralda de um bebé podemos concluir que Freud tinha razão: os putos têm mesmo prazer em cagar fraldas porque é a toda a hora que o fazem e esmeram-se no serviço. Penso que também tiram prazer de fazerem os pais sofrer com o cheiro, mas isso já não está na teoria, são só ilações minhas.

Fazendo de conta que dá para fazer exercícios com esta teoria que eu inventei, elaborei uma lista de coisas que podiam fazer de guarda-chuva se chovessem coisas que não chuva, mas sim as coisas para o qual essas coisas existem. E ao que parece também inventei um trava-línguas com a última frase.

Então é assim, copiando este molde:

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem ovelhas tínhamos de usar um guarda-ovelhas, que é basicamente, um pastor.

Temos isto se…

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem bandidos tínhamos de usar um guarda-bandidos, que é basicamente, um polícia. – Ou um guarda. Em geral, só, tipo “Oh Sô Guarda…” Ou se quiserem, um GNR – Guarda Nacional Republicana. Este funciona muita bem eu sei, vocês até já acreditam nisto.

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem redes tínhamos de usar um guarda-redes, que é basicamente, um jogador de futebol. – Também podia terminar este com um “que é basicamente, uma firewall”. Isto para a malta que gosta de informática.

rain redes

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem divórcios tínhamos de usar um guarda-conjunta, que é basicamente, uma criança de quinze em quinze dias. – Este era chato, porque se chovessem mesmo divórcios só nos conseguíamos proteger uma vez a cada duas semanas. E diz que o divórcio quando acerta num gajo ainda aleija mais do que bolas de granizo.

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovesse lama tínhamos de usar um guarda-lamas, que é basicamente, um escorrega em miniatura. – Se o virarem ao contrário, é sim senhor. E também parece um suporte de plástico para bananas. Como já perceberam, este post é sobre tudo menos sobre a utilidade de coisas. 

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem fatos tínhamos de usar um guarda-fatos, que é basicamente, um roupeiro. – E um roupeiro ao contrário é um barco. Novamente, utilidade – zero. Se fosse caso de chover chuva (de água) a sério ainda dava jeito, mas se houver uma inundação de fatos é só uma ida à Primark. Já agora é Primark ou Praimark? Descubram aqui.

fatos rain

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem pessoas tínhamos de usar um guarda-corpos, que é basicamente, uma protecção a meia altura, em gradil, balaustrada ou em alvenaria (entre outros) que resguarda as faces laterais das escadas, terraço, balcão, rampa, varanda, sacada ou vão, em função de desnível de pisos ou de ambientes mais altos em relação aos outros. – Eu também não sabia o nome disto, por isso fica aqui para os que dizem que não se aprende nada com este blog.

Partindo do princípio que o guarda-chuva protege da chuva, se chovessem cursos de água doce tínhamos de usar um guarda-rios, que é basicamente, um pássaro. – Bem bonito por sinal. E parece que é boa companhia para a pesca.

Pronto é isto. Agora é tentarem desenvolver mais ainda, porque isto tem pano para mangas. Ou se calhar não tem, porque eu andei aqui à míngua à procura de palavras ligadas por justa-posição a guarda e acho que esgotei as possibilidades todas. Mas quem tiver mais, força, é continuar e reforçar a teoria. Ou parar de beber também diz que ajuda.

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